Acabei de receber um e-mail do meu amigo Frederico Naroga, skatista e responsável pela divisão de skate da Converse Shoes. No e-mail, Naroga relata uma história que nós skatistas conhecemos muito bem e que parece que nunca vai acabar, a discriminação por parte de alguns “boçais” em relação a nós, skatista. É triste e revoltante ainda ter que ler histórias como essa. Mas fico mais triste pelas pessoas que nos sujeitam a isso, pois vejo como são pobres de cultura, pobres de espírito e pobres de vida.
Ler esse tipo de relato me faz viajar em vários pensamentos… Primeiro sobre essa pobreza que citei, segundo pelo “falso poder” que algumas pessoas acham ter por certas profissões que praticam.. NOTA: Fiquei abismado hoje ao ver uma reportagem de pessoas no Rio serem agredidas a socos, pontapés e chicote por seguranças do serviço de trem urbano, apenas para as pessoas se expremerem mais dentro dos vagões e o trem por partir.. FIM DA NOTA.
Me lembrei do fato também de algun shoppings aqui de Curitiba barrarem entrar com skate na mão, sendo que dentro havia lojas que vendiam skate, seria cômico se não fosse trágico… Me lembrei também da vezes que pedi satisfação de seguranças e funcionários de lojas ou outros estabelecimentos que ficaram me vigiando com certos amigos….
Mas, enfim.. é no mínimo indignante receber um e-mail como esse.. Mas parabenizo o Naroga pelas atitudes tomadas, pois, assim como ele, de uma coisa eu não tenho a mínima vergonha nessa vida, de ser SKATISTA…
abaixo segue o relato na íntegra do Naroga….
“Depois de 2 anos de faculdade trancada, desde minha mudança de Minas Gerais para o Rio Grande do Sul, resolvi me matricular novamente no curso de Administração. A Faculdade escolhida foi a ESPM, considerada por muitos uma das melhores faculdade de Propaganda e Marketing do Brasil, localizada em Porto Alegre. Cheguei ao nome da ESPM depois de realizar um curso Intensivo de Marketing em meados de 2008 e me impressionar com a estrutura, didática e qualificação dos professores. Enfim, além do sacrifício financeiro (pelo alto valor da mensalidade) ainda tenho o desgaste físico de dirigir 170 km por dia, aproximadamente 2 horas na no deslocamento da cidade de Picada Café (onde trabalho) a Porto Alegre em horário de rush, nas 2as, 3as e 4as feiras, uma escolha de sacrifícios em beneficio ao meu conhecimento técnico para a área que atuo.
Recebi o convite para palestrar para as turmas de Publicidade e Propaganda dos turnos da manhã e noite sobre a Converse Skateboard no Brasil, relatando sobre Posicionamento, Embaixadores, ativação em Redes Sociais e o evento de introdução da marca no mercado brasileiro, o Converse Skateboard Square, ação que serviria como briefing para um trabalho escolar que seria entregue e julgado na semana seguinte, ontem dia 14/04. O objetivo do trabalho era criar ações de apoio para lançamento e promoção da edição número 2 do evento, com data prevista para dezembro de 2009. Para o julgamento dos trabalhos fomos convidado novamente, Gabriel Klein (responsável pelas Redes Sociais Converse Skateboard) e eu. Junto conosco Diego Sarmento (Designer Converse Skateboard) e Daniel Crazy (skatista Converse Skateboard) foram convidados afim a que o qualificar ainda mais o julgamento, assim cada um faria sua avaliação levando em consideração um aspecto, Gabriel focado nas ações de Web, Diego nos trabalhos gráficos, Crazy na linguagem skate e eu no posicionamento da marca nos trabalhos.
Finalmente relatando o ocorrido: nos encontramos no horário combinado no lado de fora da faculdade, Diego, Crazy e eu, pois o Gabriel já estava no auditório com os preparativos. Sentamos na escada na área comum dos prédios e formos abordados por um dos funcionários questionando se éramos alunos; eu disse que sim, era. Não satisfeito questionou de onde, qual curso, etc, então disse as informações solicitadas e complementei justificando a presença dos outros 2 em minha companhia. De inicio já achei a abordagem estranha, pois nesse tempo de estudo na instituição nunca tinha visto aqueles funcionários, que são muitos, abordando algum aluno daquela forma.
Seguimos para o auditório, mas infelizmente ficamos perdidos. Eis que aparece o mesmo funcionário, no 3º andar do prédio, questionando mais uma vez sobre nossa presença, mas dessa vez de uma forma mais agressiva, afirmando que eu não era aluno e o que as informações que eu tinha lhe passado eram mentirosas. Pedi para que ele então nos acompanhasse até o local onde teríamos que ir assim ele comprovaria o que estava dizendo. Ao descer as escadas encontramos com alguns alunos que participaram da palestra anterior que me informaram que a apresentação aconteceria em outro prédio, localizado na rua perpendicular a que estávamos. Vendo que fomos reconhecido pelos alunos “normais” da faculdade o funcionário desistiu de nos seguir até o auditório.
Ao chegar ao próximo prédio, irônica ou propositalmente fomos abordado por outro funcionário, como o mesmo questionamento, mas dessa vez na fila do elevador ao lado de muitos outros alunos. Desse vez não suportei e fiz alguns questionamentos ao funcionário, em voz alta é claro. Questionei se é um procedimento normal da faculdade já que nunca tinha visto ninguém ser abordado daquela forma, e 2 vezes em um dia, se existia algum problema com nossos roupas largas, bonés e assessórios, se tínhamos que nos portar e nos vestir igual aos outros estudantes (em sua maioria da classe AA de Porto Alegre). E por fim, questionei que tipo de faculdade de Marketing e Propaganda discrimina o comportamento e opções do consumidor, dos seus próprios alunos. Como resposta obtive nenhuma palavra ou pedido de desculpas apenas uma cara sem graça vista ainda na nossa entrada no elevador.
O mais irônico é que no mesmo dia recebemos um Certificado e uma carta de agradecimento nominal à nossa presença e contribuição ao curso de Publicidade e Propaganda da faculdade e ainda tive a oportunidade de relatar, quase em tempo real aos “palestrados”, um exemplo clássico de desconhecimento do público consumidor, na própria instituição que os instrui.
Para por um fim a essa novela ao invés de processar a faculdade por descriminação e danos morais, prefiro transmitir o ocorrido (não entendam como mal entendido pois realmente não foi) a meus amigos do skate pois tenho certeza que a justiça feita por nós é muito mais eficaz do que a justiça dos órgãos competentes. Além disso, como a faculdade, mesmo com toda tecnologia e modernidade não nos disponibiliza, ou sou o único que não recebeu, uma carteira de identificação estudantil (aquela para entrar nos cinemas com meio ingresso) ou um crachá ou algo parecido, o chaveiro do Chuck Taylor All Star da minha mochila vai ganhar uma companheiro, uma “placa” com os seguintes dizeres:
Frederico Vicente Lima Numero de Matrícula: 10912405 Aluno ESPM, mesmo sendo SKATISTA.”
FREDERICO NAROGA Supervisor – Divisão de Skate
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